De assombrações a assassinatos, Victoria Pedretti, vista aqui na coleção-cápsula de inverno da Fendi, é uma queridinha do terror moderno. E seus papéis na tela são a companhia perfeita para uma noite de suspense.
Victoria Pedretti: Acho que todos fazemos isso. Todos nós temos impulsos obscuros que não queremos compartilhar com as pessoas. Parece algo meio universal. Muitos de nós fingimos ser algo que não somos. Isso fica muito evidente desde o início. Não acho que alguém seja naturalmente tão confiante e segura quanto ela demonstra ser.
L’Off: Esse é um modelo levado aos outros novos personagens em Madre Linda, o subúrbio fictício onde Love e Joe se estabelecem e formam sua família.
VP: Eu cresci no subúrbio, mas não era a mesma coisa essa fachada pessoal de super ricos. Não conheço isso, então foi divertido mergulhar nesse drama cheio de dinheiro, sexo e drogas em que pessoas super ricas, acredito eu, se encontram. Todo mundo tem problemas, mas alguns despendem tanto dinheiro nos seus que acabam criando essa dinâmica muito estranha. Para mim, observar essa situação, tão fora da minha realidade, é parte da graça. Apontar o dedo para isso e dizer “dane-se essa gente”.
L’Off: Você é do tipo que leva o trabalho para casa e fica pensando nele, mesmo quando não está no estúdio?
VP: Isso acontece um pouco, mas eu sempre tento fazer algo para evitar, porque gosto de quem eu sou e não quero ficar assumindo problemas que não são meus. Tenho minhas próprias merdas, sabe? Não quero me distrair delas. Você precisa focar e lembrar o que é seu. Em último caso, trata-se de uma história escrita e não é real! Acho que é importante lembrar-se disso. Quando você leva muito a sério, pode acabar se comprometendo. E eu levo meu trabalho muito a sério, o que é ok, mas é preciso lembrar que não é real, que é um trabalho em prol do entretenimento e da narrativa. Acho que, no fim, minha função é ser agradável, e obviamente existem elementos nisso que são desconfortáveis ou desafiadores, mas é algo pelo qual sou apaixonada, então não quero que vire um peso.
L’Off: Quais são esses aspectos desafiadores?
VP: Alguns dias, algumas cenas. De vez em quando acontece alguma coisa realmente terrível, e aí você tem de ir para o trabalho e fazer uma cena em que está feliz e saudável. Isso é o mais difícil quando você está fisicamente doente e deve fingir que está bem. Mas há meios de chegar lá. É muito empoderador quando você está passando por uma situação realmente estressante. Isso aconteceu comigo recentemente não nesse projeto, mas eu estava tão estressada que resolvi meditar, e fui capaz de focar em onde eu estava e no trabalho que estava fazendo. Eu sabia que os conflitos não iriam embora, mas pensava: estou trabalhando agora, então tenho de fazer isso.
L’Off: Você é bem quieta nas redes sociais. Tem necessidade de se desligar?
VP: Para ser honesta, não acho que eu tenha tanta coisa interessante a dizer. Sinto que, quando tenho algo para compartilhar, eu compartilho, mas prefiro muito mais ter uma conversa como esta. É como gosto de me comunicar, de conhecer pessoas e me conectar. O Instagram não me parece adequado para isso. E não gosto dessas coisas adoro os aspectos complicados, sutis e confusos de praticamente todas as facetas da vida. Prefiro viver em três dimensões, o que é meio irônico, visto que estamos falando de um programa de TV.
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Fonte: L’Officiel.
Tradução: Equipe VPBR.