Love Quinn é uma daquelas personagens pelos quais você se encontra torcendo, mesmo que eles realmente não mereçam sua lealdade. Em Você, da Netflix, que estreia sua terceira temporada hoje, Love, interpretada por Victoria Pedretti, se destaca na série como uma pessoa multifacetada que, em sua essência, só quer sua vida perfeita. É a maneira como ela faz isso, porém, que mostra o quão profundamente falha ela é. Pedretti não dá absolutamente nenhuma desculpa para ela, no entanto. “Ela é uma pessoa louca e assassina”, diz ela simplesmente.
E esse é o cerne dessa personagem e por que ela é tão intrigante.
Love foi introduzida na segunda temporada de You, o que significava que Pedretti teve toda a primeira temporada para se familiarizar com o programa antes de assinar. Ela viu o personagem de Penn Badgley, Joe Goldberg, exibir todas as suas tendências psicopatas antes de se apaixonar por Love na segunda temporada. Mas Joe mal sabia, que Love era seu par no mundo dos assassinos obsessivos. O final da segunda temporada os encontrou presos juntos quando Love revela que está grávida de seu bebê. Entrando na terceira temporada, porém, seu relacionamento imediatamente mostra suas rachaduras enquanto esses dois tentam navegar como pais… e assassinos… e, bem, pessoas loucas. Para Pedretti, no entanto, interpretar uma psicopata era um desafio para o qual ela não estava apenas pronta, mas realmente muito animada para entrar.
“Eu acho que é muito fácil abraçar a ideia de um psicopata”, ela compartilha. “Acho que é imensamente egoísta. Acho que gostamos de assistir Joe e Love, porque a qualquer momento podemos pensar que matar uma pessoa que está nos causando problemas seria a solução. Mas todos nós podemos nos dar um tapinha nas costas, porque a maioria de nós ainda está rangendo os dentes e lidando com o desconforto e os desafios de se relacionar com outras pessoas – sem matar pessoas. Todos nós devemos nos sentir muito bem sobre nós mesmos por isso.”
O aspecto interessante da personagem de Love é que ela é tão desequilibrada quanto Joe – ela mata por obsessão e ciúme – mas Joe não consegue vê-la como nada além de louca, algo que ele não pensa em si mesmo. Isso traz uma conversa interessante de mulheres sendo rotuladas como loucas por fazer algo que um homem também faria, como demonstrar ciúmes ou se vingar por traição. Eu trago isso para Pedretti, me perguntando se foi algo em que ela pensou enquanto tirava Love do parapeito e enlouquecia. Pareceu-me como espectador que Joe constantemente chamando Love de louca a fez, por sua vez, sentir e agir mais louca. Para Pedretti, porém, Love ser rotulada como louca por Joe é justo, porque ela realmente é. O que mostra, porém, é como o próprio Joe está fora dos limites.
“Eu não acho que ela não deveria ser chamada de louca e assassina só porque ela é uma mulher”, diz Pedretti. “Acho que significa apenas que Joe talvez devesse ser mais reconhecido por seu comportamento. Eu definitivamente gostei que quando eu estava ouvindo o trailer, Joe a chama de monstro. E eu fiquei tipo, ‘É tão interessante como ele não vê isso.’” Ela acrescenta que concorda com minha avaliação do desequilíbrio entre os papéis de homens e mulheres em algo como traição ou assassinato, dizendo que é “tão representante da nossa sociedade” para que a mulher seja rotulada de louca quando o homem não está no mesmo extremo. Eu aprecio e respeito”, ela acrescenta com uma leve risada.
Pedretti afunda seus dentes em uma nova comunidade na terceira temporada da série – criada por Greg Berlanti e Sera Gamble e vagamente baseada na série de livros de Caroline Kepnes – na sonolenta Madre Linda, Califórnia. É um bairro rico em que Love deve se encaixar, com base em sua educação arrogante, mas leva algum tempo para ela encontrar o equilíbrio. Ao longo do caminho, ela faz amigos e inimigos (e comete assassinato) e até se encontra no meio de uma conversa oportuna sobre pais anti-vacina. Quando seu bebê, Henry, fica com sarampo, ela logo descobre que foi porque um dos grupos de pais da vizinhança não acredita em vacinas, levando seus próprios filhos a adoecer e espalhar o vírus. É um enredo que se desvia do livro, mas parece incrivelmente relevante para a atual conversa sobre o COVID-19 que está acontecendo em todo o mundo. Combine isso com uma referência descartável que Joe faz ao corona vírus, e o programa se solidifica como um dos únicos atuais a reconhecer a realidade do que está acontecendo agora.
Ele permanece enraizado na realidade injetando humor negro em todas essas situações violentas, reconhecendo o triste fato de que às vezes o humor é a única maneira de superar tempos difíceis (incluindo quando você mata alguém). “Acho que quanto mais disso há, mais fundamentado se torna, estranhamente”, Pedretti compartilha de usar o humor como um dispositivo de história no programa. “Porque eu realmente acho que isso é verdadeiro para a vida. Grandes tragédias são muitas vezes salpicadas de gargalhadas. É apenas a natureza estranha e bela da vida pelo que observei.”
Pedretti continua apontando como Love e Joe continuam voltando ao humor enquanto estão constantemente desafiando um ao outro, até mesmo zombando de sua falta de habilidades parentais, como quando estão enterrando um corpo, por exemplo, e precisam levar Henry. Tira um pouco do peso da escuridão do que está acontecendo, permitindo que os espectadores não fiquem muito presos no horror real.
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Fonte: EUPHORIA.
Tradução: Equipe VPBR.